As desculpas mais bonitas de quem não faz questão

   Certamente já passaste por algumas fases em que a doença está mais ativa ou que te levou a um internamento certo? Quem é que te foi ver?  Quem é que perguntou se precisavas de alguma coisa? Mais que perguntar quem é que te ajudou realmente?
Quando estamos numa cama de hospital o que não nos falta é tempo para pensar e nem é bom, por outro lado e o facto de estarmos mais fragilizados faz nos sentir as coisas noutras perspetivas.
Estar doente ou num hospital é precisar de colo, de mimo e de todo o cuidado do Universo. Nem sempre isso acontece.
Foi nos longos 7 meses de internamento que os meus olhos abriram no que toca a 'amizades' e até mesmo a família.
   Tomei a decisão de que ninguém (mas mesmo ninguém) saberia que seria operada, só saberiam quando estivesse em casa a recuperar. Quando comecei a ver que as coisas não estavam a correr bem e depois de um mês de internamento decidi contar, porque de facto passaram muitos desfechos pela minha mente e sabem... Tanta e tanta gente 'preocupada' tão preocupados que não recebi a visita de nenhuma delas.
É engraçado como hoje quando passam por mim me dizem "olha não te fui ver mas pensei muito em ti", "epa não te fui ver, não por não querer mas sabes que detesto hospitais" ou então "estive para lá ir mas não quis incomodar" apenas sorrio porque se for a dizer o que eu penso...dá merda! 





   Conto pelos dedos de uma mão quantos fizeram uma única visita, quantos mandaram mensagem, quantos ligaram... E é tão mas tão triste. E acreditem que não é por ser má pessoa, antes fosse... 'Amigos' que durante 7 meses estiveram muitíssimo ocupados com a sua vida, família que não meteu lá os pés mas que faltaram ao trabalho justificando que me iam visitar (cúmulo), pessoas por quem eu metia as mãos no fogo e acreditem: saía queimada.
Houve de tudo: curiosos, pessoas que desapareceram completamente do mapa após saberem que fiquei com um saco, pessoas que me foram ver uma vez e que ficaram impressionadas e adivinhem: não disseram mais nada e ainda outras que tinham quase a obrigação de ir e não foram ou se foram 3 vezes em 7 meses foi muito. Tive mais apoio de pessoas desconhecidas do que dos 'meus' que hoje vejo não serem meus nada.
Podia fazer um livro com desculpas de quem se está completamente a cagar mas que gostam de limpar a sua imagem:
- "Sabes como é, não há tempo para tudo"
- "Não entro em hospitais"
-" Nem sabia se recebias visitas"
-" Não quis incomodar mas sabia das novidades pela tua mãe"
-" Não fazia ideia do teu estado mas agora estás ótima"
-" Não liguei para não incomodar" (também é válido para as mensagens)
-" Nem sabia que estavas internada, não ando muito pelo Facebook"
-" Não fui ao hospital mas ia acompanhando o que ias postando" - fixe obrigada muito melhor assim

   O mais engraçado é que quando as entrevistas começaram a sair...toda a gente se lembrou da Andreia inclusive a minha gerente (que em 7 meses nunca ligou a saber se estava viva - sabia pelas baixas médicas entregues) e de facto ouvi palavras muito bonitas mas sabem? Não me dizem nada...não me deslumbro com comentários pomposos e recheados de elogios, não preciso que me digam que sou forte, corajosa ou 'guerreira' (detesto essa palavra) porque eu sei que o sou e muito antes de qualquer pessoa. Quando precisei que alguém 'mo' dissesse...ninguém estava lá para dizer!

E vocês? Tem mais desculpas maravilhosas para partilhar comigo?
Estes 7 meses foram uma grande grande aprendizagem e se hoje estou muito mais distante da maioria das pessoas, se já não faço questão, se já não falo se não falarem comigo é porque de facto os meus olhos estão bem abertos. A vida é pequenina para andar em fretes. Tenho apenas de preservar uma pessoa que não saiu do hospital um minuto e que apesar de todos os problemas entre nós foi ela que lá esteve: a minha mãe e em certos momentos o meu companheiro na altura. De resto... Obrigada a quem esteve pelo coração e não por ficar bonito. Obrigada ainda mais a quem não esteve. Que nunca caiam numa cama de hospital...

Comentários

  1. No meu caso n foi numa cama de hospital mas foi uma gravidez de risco, em casa. Ao k que a minha melhor amiga, no meu dia de anos: " Olha afinal n vou ter ctg, está um dia de sol e eu tenho poucos, tenho k aproveitar!" Ahhhhh claro! Eu tb vou aproveitar.
    E é como dizes, que a saúde não nos falte pk é solitária a vida qd não estamos bem e mais que uma aprendizagem que fazemos é uma dor que esfria o nosso coração para sempre.
    Gostei de te ler. Beijo, Joana

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