Quando a vida te leva a pessoa mais importante dos teus dias...o que fazes depois?

   Faz hoje 6 anos que levei o maior embate de toda a minha vida, o embate que me quebrou por inteiro, que me tirou o chão, arrancou a alma e deixou o meu coração em cacos e a mente em desespero.
Era tão cedo...tão cedo para ela, tão cedo para mim, tão cedo para nós, tínhamos uma vida pela frente, um Universo para conquistar e tantos planos para concretizar. Num sono descansado deixou-se levar sem qualquer despedida. Como dói. Foi naquele sono e eu fiquei pelo pesadelo do qual continuo adormecida. Sem ela sou um pássaro de asas quebradas, desequilibrada e sem rumo. A vida levou-a de mim e de imediato sem esperar apagou da minha mente cada momento, cada lembrança, cada som, cada palavra...arrancou de mim a sua imagem, os nossos momentos e qualquer memória que me poderia acalmar o coração! Como dói. Erámos tudo e hoje não somos nada. Não há sonhos, não há telefonemas, risos e carinhos, não há amor, esperança ou aconchego, não há beijos nem olhares carinhosos. Não há torradas e chá príncipe. Ficou um corpo impávido e sereno, um rosto tranquilo, umas mãos frias e um sentimento de 'nunca mais'. Que razão tem a vida para levar quem sempre nos fez ficar? Quem mais amamos, quem melhor nos conhece, quem mais lutou por nós? Qual a razão para levar de nós as pessoas que nos deram colo, festas no cabelo e um amor maior que o mundo? Por quem os sonhos faziam sentido... 
   Será que tudo isso existiu? Será que é apenas imaginação da minha cabeça? Será que tomam conta de nós lá onde as estrelas brilham? 
18 anos de nós onde curiosamente não existe nenhuma memória fotográfica, os momentos eram tão especiais que não havia tempo de os registar. Como dói. Fomos uma só e parte de mim foi com ela, e bate aquele desespero de saber que nunca mais a terei do meu lado, nunca mais ouvirei a sua voz bonita, nunca mais sentirei a sua pele na minha e o seu abraço que me protegia de todas as balas. Nunca mais. Não receberei a chamada dela no meu aniversário, não terei mais quem me chame de netinha, quem me ligue todos os dias a perguntar como estou, não terei quem me perceba, quem me encoraje, quem acredite nas minhas capacidades como só ela fazia. A angústia toma conta de mim. Como dói. Não conhecerá os meus filhos, não vai presenciar o meu casamento, não vai dar a sua bênção e avisar o meu marido que eu sou a sua menina e que não permitirá que alguém me faça mal. Não irá ver as minhas conquistas, os meus objetivos realizados, não verá a minha casa, não há mais passeios. Não será mais o meu porto de abrigo nos dias que o mundo me cai em cima. Os seus conselhos fazem-me falta, tanta falta. 
    Foi uma grandiosa mulher em todos os sentidos, lutou dia e noite para nunca faltar nada aos filhos e posteriormente aos netos, era a última a sentar-se à mesa e a primeira a sair, era a última a servir-se para que os outros tirassem o que mais gostavam, deixou de comer para que houvesse para outros, foi vítima de algumas maldades que mulher nenhuma deveria passar, tinha muitos problemas de saúde mas jamais se queixava, foi submetida a 3 grandes cirurgias ao coração, fintou a vida umas quantas vezes e recebia as visitas sempre com um sorriso, tinha um sentido de humor maravilhoso e era adorada por todos, ela uma lutadora e no fundo nunca descobri se em algum momento tinha sido feliz. Era alta e linda e o seu sorriso iluminava tudo por onde andasse. Era doce e carinhosa. Tentava arranjar casamento entre as filhas e os enfermeiros quando estava hospitalizada, metia-se com os médicos se fossem jeitosos. Adorava o cacau das máquinas automáticas. Era gulosa e fazia umas omeletes como ninguém fará. Tenho saudades das pataniscas que nunca mais encontrei igual. Prometi lhe muita coisa mas o tempo não me deu tempo de realizar. Sofria em silêncio mas quem entrasse encontrava um sorriso. Amava-me como mais ninguém amará. Faz me falta. Como dói. Não volta mais...O orgulho que tenho por ela é indescritível. 

Após o seu falecimento, a minha doença começou a dar sinais 2 meses após... a sua morte foi a maior bomba da minha vida, o tapete saiu dos meus pés e a partir desse dia...não restou mais nada! 

Fica comigo, dá-me a tua mão e faz esta viagem comigo, protege-me, e se eu não estiver a fazer as coisas certas, muda a minha direção, mas nunca me largues a mão, se sentires muitas saudades minhas peço te que me venhas buscar e que me leves para junto de ti, decerto que seremos muito mais felizes como já fomos em tempos!

                       
Com todo o meu amor, 
a tua menina <3 







Comentários

  1. Este post deu cabo de mim... perder o meu avô materno foi o maior choque que já tive e sinto que ainda não recuperei totalmente, mesmo que já tenha sido há uns anos... Ainda dói imenso.

    Temos de aproveitar enquanto as pessoas cá estão connosco, porque o dia de amanhã pode ser tarde demais...

    beijinho grande
    https://whaaatifni.blogspot.pt

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