Todas as doenças que existem tiram-nos sempre alguma coisa, umas tiram o cabelo, outras tiram a visão, e ainda outras que tiram a mobilidade ou a consciência. Outras mais ariscas que tiram tudo e mais houvesse. Nenhuma delas é boa, venha o diabo e escolha. Há ainda um outro lado, mais despercebido... o lado das oferendas! Se o conseguirmos alcançar, vamos reparar que as coisas que nos são dadas têm uma importância tão grande ou maior que as que nos foram tiradas. E são tão belas.
Para reparar nessas 'ofertas' que as doenças também nos proporcionam é necessário trabalhar a mente, ter a porta aberta e não permitir que os nossos pensamentos vejam apenas as coisas negras e negativas.
Falo das pessoas que nos rodeiam, os desconhecidos que passam por nós e que sorriem sem motivo, o arrepio que sentimos quando o sol toca na nossa pele, a brisa que nos toca suavemente no rosto, a confiança de uns simples passos, a segurança de um olhar, o conforto de um abraço e o bem estar de um duche. A liberdade. O amor. A superação. A vida.
É nos oferecido de mão beijada tanta coisa boa que as mais ruis vão se desfazendo como pó em água. É preciso estar disposto a receber cada uma delas, muitas chegam em pés de lã, outras meio tímidas, mas todas têm o dom de nos fazer sorrir. Sem medo, sem vergonha e com vontade.
Em ambiente hospitalar desde a DªCélia que fazia o mínimo barulho para não me acordar enquanto limpava o chão do quarto, à Auxiliar João que me deixava o pequeno almoço e me acordava com um suave e feliz 'Bom dia Andreia' seguido da Enfermeira Rute que iluminava o quarto com os seus olhos azuis da cor do céu e com o seu ar angelical de sorriso branco e brilhante de orelha a orelha...
para alguns seria o habitual, para mim era a chave que me abria a porta das receções positivas.
A doença tirou -me a liberdade, os movimentos, o emprego e a casa...por momentos levou-me a esperança e a fé que outrora tive. Apenas por momentos.
Deu-me em seguida uma oportunidade de começar tudo de novo, contando do zero, literalmente do zero. Como se fosse necessário fechar este livro e escrever um novo, com cheirinho a novo por estrear, folhas brancas e tinta nova para escrever.
A ileostomia devolveu-me a qualidade de vida, apresentou-me pessoas simplesmente maravilhosas e pôs-me a escrever, apagou as dores, carregou energias, e devolveu-me o andar. Liberdade. Paz e muito amor. Deu-me a conhecer a entreajuda, a generosidade e a solidariedade. Mostrou-me que curiosidade não é preocupação. Deu-me o sossego necessário e o descanso que sempre recusei.
Com a certeza que o meu novo livro da vida, será escrito com uma nova consciência, possivelmente numa casa maior e frisando novos rasgos de trabalho, sublinhando sempre que positivo marca mais que o negativo. A vida tira, para depois dar em dobro. Mais e melhor. Sorri, agradece e confia.
P.S: o que já ganhaste hoje?
Olá Andreia, não podia concordar mais contigo! A mente realmente tem o poder se assim o quisermos de mudar a nossa visão sobre as situações que nos surgem na vida. Infelizmente nem sempre é fácil mas o importante é não desistir e continuar em frente de forma positiva. Muita força, sempre! E que este teu novo projecto te realize :) Beijinhos
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A nossa mente é poderosa e é a chave para contornar as crueldades da vida.
ResponderEliminarBeijinhos*