"Dizem que os bons não nascem por acaso"

  

  
   Ao longo de 5 anos de CU, deparei me com várias dificuldades e uma delas sempre foi o facto de as pessoas no geral e até mesmo família e amigos não entenderem todas as minhas 'queixas' e sintomas, chegarem a duvidar ou simplesmente desvalorizar, raramente me queixava, sempre me mantive no 'silêncio', primeiro porque já era da minha personalidade e depois para quê falar se as pessoas não entendem? Não era por partilhar as dores que elas desapareciam. Aprendi a ficar calada, porque para falar estavam cá os outros. E nunca era coisas bonitas.
   Conheci a maldade, a arrogância, a desvalorização, o desprezo... na sua forma mais pura. As pessoas só pensam (e desculpem a expressão) no cuzinho delas, mas era o meu que tinha problemas e me dava trabalho. Como fazer os outros entender que num minuto estamos bem, e no outro estamos com dores em várias partes do corpo e com mais não sei quantos sintomas diferentes e a ir à casa de banho 6 vezes seguidas no espaço de 10 minutos?
   Para quem é super healty aquilo é mentira, somos uns coitadinhos que só nos sabemos queixar, dramatizamos imenso e inventamos desculpas para não ir trabalhar. Pois é... eu inventava forças para me levantar da cama e lá estar a horas. Para nós portadores é uma vitória todos os dias em que nos conseguimos levantar da cama...e sair de casa.
   Deparei-me com a frieza, as pessoas são mais frias que arca frigorifica, até partirem uma unha do pé esquerdo...e acharem que o mundo vai acabar porque até tiveram de meter um penso para calçar o sapato novo.  Que chatice, maldita unha! Isso sim é grave...
   Mas uma pessoa cagar-se toda sem ter horas para isso já é uma desculpa, porque aquilo não é nada. Funciona assim! 
   Somos discriminados em empregos (mais tarde haverá um post onde relato isso na primeira pessoa), incompreendidos e por vezes nem os amigos mais próximos tem a noção do que passamos. É difícil...lidar com as pessoas. 


---> Nós temos dores...muitas e fortes...de cabeça, enxaquecas, articulações, mãos, pés, pernas, costas, estômago, cintura, ancas, temos dores de burro, náuseas e espasmos.  Esqueleto completo. Não escapa nenhum ponto. Não, não dramatizamos. 

---> Temos dificuldade para evacuar ou o oposto em que evacuamos demais, sensações de enfartamento com apenas duas colheres de sobremesa no bucho, dores no ânus, mau estar e indisposições. 

Cansaço extremo, fadiga, exaustão

Perda de apetite sexual

Dores - mau estar, mau estar - dores --> prazer!

Da ponta do dedo mindinho do pé à ponta das pestanas - tudo isto é verídico, real e não é psicológico.
Isto é a vida de quem é portador de DII - Doenças Inflamatórias Intestinais. 

Escondemos dores atrás de sorrisos, sofremos em silêncio. Por fora fortes como pedra mas por dentro frágeis como papel, e passamos a vida a sentir mas a fingir que nada sentimos.

E depois de tudo isto... somos julgados, discriminados e incompreendidos... porque ninguém acredita que tudo isto aconteça numa só pessoa. 

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